terça-feira, 24 de maio de 2011

Propriedades Do Músculo Uterino

FILAMENTO INTERMEDIÁRIO E CORPO DENSO

Existe, também, um sistema adicional de filamentos intermediários (denina) que se insere nos corpos densos formados por actinina-α e outras proteínas juntamente com os filamentos finos nos corpos densos, localizados no citoplasma subjacente ao sarcolema, funcionam à semelhança dos discos Z na musculatura estriada.

Então, miofilamentos, corpos densos e filamentos intermediários agem encurtando e torcendo a célula ao longo do seu eixo longitudinal, sendo isso o substrato da contração. O reticulo sarcoplásmico, cuja função é armazenar e liberar o cálcio intracelular tem papel fundamental no mecanismo contrátil.


II) BIOQUÍMICA MOLECULAR DE CONTRAÇÃO DO MÚSCULO LISO


Primeiro, a actina do músculo liso não possui troponina, ou seja, o mecanismo de controle difere do músculo estriado. A regulação da contração do músculo liso dependa do cálcio. Não somente a molécula de miosina assume configuração diferente no sentido de que seu local de ligação à actina (cabeça globular) está encoberto pela cauda da miosina.

O músculo liso contém miosina de cadeia leve (MLC) diversa - em cada cabeça duas (essencial e regulatória) o que é diferente do estriado. Essa MLC regulatória é fosforilada por outra proteína dependente da cálcio-calmodulina (Ca-CaM) a miosina de cadeia leve cinase (MLCK), com atividade de ATPase.





A atividade da MLCK é induzida por entrada de cálcio na célula, que causa elevação da concentração do complexo Ca-CaM. MLCK hidrolisa o ATP e fosforiliza a MLC regulatória.

A fosforilação da MLC eqüivale à incorporação de fosfato inorgânico (P) e de energia.

A fosforilação produz alteração conformacional na cabeça da miosina e expande o sítio actina-combinante. A fosforilação também libera a cauda da miosina de sua ligação com a cabeça {veja do lado), permitindo assim que as moléculas de miosina assumam o aspeto de filamento bipolar, à semelhança do ocorrido no músculo estriado.

O caldesmon {Cald), outra proteína de ligação do complexo Ca-CaM, está envolvida na regulação do movimento da tropomiosina. Habitualmente ela é localizada na ranhura helicoidal da actina-F, obstruindo os sítios de ligação à miosina. A mesma elevação da concentração do complexo Ca-CaM remove-a dos seus locais na actina. A alteração na localização da tropomiosina expõe agora, no filamento da actina, os sítios de ligação à miosina, desse jeito sendo possível a formação da actomiosina.

Então o que acontece? A Cald substitui a troponina do músculo estriado, como reguladora cálcio- dependente da tropomiosina

Portanto, são indispensáveis para a contração do músculo liso:

  1. a fosforilação da MLC
  2. a remoção da Cald na actina



ETAPAS:
DETALHES:
I

Aumento do cálcio intracelular proveniente do exterior ou do retículo sarcoplásmiço.
Liberação do cálcio armazenado no retículo sarcoplásmico.
II

Ligação do cálcio à calmodulina (CaM) com formação do complexo Ca-CaM.
Quatro ions de cálcio (Ca++) se ligam à calmodulina (CaM), proteína reguladora universal nos organismos vivos, alterando a sua conformação. O complexo Ca-CaM então desdobra e ativa a MLCR.
III

Ativação da miosina de cadeia leve cinase (MLCK) pelo complexo Ca-CaM.

A fosforilação da MLC pela MLCK é etapa crítica para a contração do músculo liso:

  1. libera a cauda da miosina de sua ligação com a cabeça, que passa a assumir agora o formato de taco de golfe, permitindo que a molécula de miosina se disponha em filamentos bipolares;
    alteração estrutural na cabeça da miosina, expondo o sítio actina-combinante
  2. permite a formação de pontes-cruzadas entre a cabeça da miosina e a actina (actomiosina);
  3. permite a formação de pontes-cruzadas entre a cabeça da miosina e a actina (actomiosina);
  4. estimula a atividade ATPase.
IV

A MLCK em presença do ATP fosforiliza uma das miosínas de cadeia leve (MLC) que é ativada.
Mister salientar que, precedendo a interação entre a actina e a miosina, há mudança conformacional da tropomiosina, pela ação da Cald-Ca-CaM, expondo os locais ativos da actina por ela bloqueados.
V

Liberação da cauda da miosina e mudança conformacional da cabeça expondo o sítio actina-combinante.
Formação das pontes-cruzadas, na verdade extensões da cabeça das moléculas de miosina que se projetam em ângulo reto do filamento grosso e se ligam à actina
VI

Ligação do complexo Ca-CaM à caldesmon(Cald) que movimenta a tropomiosina, liberando os locais de ligação à miosina.
O modelo de contração molecular de deslizamento ocorre quando a molécula de miosina (cabeça) se liga à actina e produz o movimento do filamento fino em relação ao grosso (power stroke).
VII

Ligação da cabeça globular da miosina à actina (ponte-cruzada).
A força da contração através da associação dos miofilamentos, filamentos intermediários e corpos densos age encurtando e torcendo a célula ao longo do seu eixo longitudinal
VIII

Movimento da cabeça da miosina promovendo o deslizamento da actina sobre a miosina (power stroke).
A subsequente desfosforilação da MLC pela miosina de cadeia leve fosfatase (MLCP) transforma a miosina de modo a encobrir novamente o local de ligação à actina, causando o relaxamento do músculo.
IX

Encurtamento do sarcômero.
A exportação do cálcio para fora da célula pela bomba de cálcio (Ca-ATPase de membrana) retorna o cálcio citosólico a nível de repouso
desativando a MLCK.
X

Contração.
Do mesmo passo, a via adenilatociclase pode ser iniciada pela ligação de hormônio ou agonista no seu receptor. O receptor ativado transforma o ATP em AMP cíclica (cAMP), que é o segundo mensageiro. A cAMP ativa a proteína cinase A (PKA), que fosforiliza a MLCK. A MLCK fosforilada tem pouca afinidade pelo complexo Ca-CaM e assim é fisiologicamente inativa. A fosforilação da MLC é bloqueada, ocorrendo o relaxamento.
XI

Quando cai o nível de cálcio citosólico, a MLC é defosforilada pela miosina de cadeia leve fosfatase (MLCP).

XII

A MLC fica inativa e o músculo relaxa.


• Ponte-cruzada - ligação da cabeça da miosina à actina formando a actomiosina;
• Cocked - posição levantada da cabeça da miosina;
• Power stroke- movimento da cabeça da miosina translocando o filamento de actina;
• Atividade ATPase - hidrólise do ATP catalisada por enzima (adenilatociclase) que é transformado em ADP e fosfato inorgânico (P.) com liberação de energia.